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Cinco coisas que procuro para investir em ações

O investimento em ações é algo que fascina muitas pessoas, que procuram colocar o seu dinheiro a trabalhar para elas e que são atraídas pelas altas rentabilidades daí se conseguem tirar, por isso se chegaste até este artigo é possível que te identifiques, de certa forma, com esta ambição.


Cinco coisas que procuro para investir em ações

Este vai ser um artigo longo pela complexidade do tema mas espero que faça sentido para ti.


Antes de começarmos a falar do que te trouxe até aqui, é importante esclarecer algumas coisas.


Em primeiro lugar, é importante que percebas que a análise de ações para investir segue, habitualmente, uma de duas "correntes":

  • Análise Técnica - Consiste em olhar para o gráfico da cotação de uma determinada ação, tentar perceber a tendência para, esperas tu, comprar barato e vender caro, ou o inverso caso assumas uma posição curta. Esta análise é, habitualmente, mais indicada para quem procura os movimentos de curto prazo, ou seja, comprar e vender ao fim de alguns minutos, horas ou dias para um ganho rápido;

  • Análise Fundamental - Neste caminho, o objetivo é olhar para os números da empresa (balanço e demonstração de resultados) e perceber o negócio por si, tentando encontrar aquelas empresas que vão crescer ao longo de vários anos e, esperas tu, trazer uma rentabilidade, de certa forma, sustentada ao longo de vários anos. É esta abordagem que sigo e sobre a qual quero partilhar alguma informação contigo.


Em segundo lugar, o habitual aviso legal que nunca é demais reforçar. O investimento em ações tem risco de perda total de capital, por isso é importante que estejas completamente consciente disto e que giras esse risco da forma que mais sentido fizer para ti. O facto de partilhar aqui contigo alguma informação sobre como faço os meus investimentos, não deve ser interpretado como nenhum tipo de fórmula mágica ou recomendação. Para mais informações, consulta o aviso legal.


Em terceiro, e último lugar, antes de começarmos com as cinco coisas que prometi partilhar contigo, deixo-te aqui um bónus e a resposta a uma das mais habituais questões: "onde podes encontrar a informação financeira das empresas?". Tens várias hipóteses desde os próprios relatórios financeiros disponíveis nos sites das empresas até sites como o investing.com, o seekingalpha ou o Yahoo Finance, mas eu uso pessoalmente o Simply Wall St que foi, honestamente, das melhores descobertas que fiz.


Para quem é preguiçoso (ou eficiente, depende do ponto de vista) esta plataforma é o ideal, visto que recolhe toda a informação necessária das empresas, faz todas as contas e produz relatórios muito detalhados mas, simultaneamente, muito simples de ler para que possas tomar a tua decisão. Basicamente, eles fazem toda a parte chata de recolher e trabalhar informação e tu ficas com a parte divertida que é analisá-la e tomar a decisão. A plataforma tem uma versão trial gratuita que depois podes manter com algumas limitações de utilização ou então passar para a conta Premium que custa 120$/ano. Sinceramente, se planeias investir regularmente em ações, ou, pelo menos, estar por dentro dos acontecimentos, acho que vale bem a pena a subscrição. Se, por outro lado, vais usar muito pontualmente, então talvez a versão gratuita seja suficiente. É uma questão que deves avaliar.


Neste artigo, vou então partilhar contigo, alguns indicadores que procuro lá no Simply Wall St para decidir em que empresas invisto.


 
  • Price to Earnings Ratio


Este indicador (também chamado P/E) calcula-se dividindo o preço de cada ação em mercado pelos "ganhos por ação", ou seja o total de ganhos da empresa divididos pelo número de ações existentes. Encontras uma explicação totalmente detalhada aqui.


Este indicador é importante porque te pode ajudar a perceber se uma empresa está sobrevalorizada ou subvalorizada em relação ao seu valor "real", já que compara os resultados que a empresa produz com o valor que as pessoas estão a pagar em mercado. Se a cotação, o "Price", for muito acima dos "Earnings" então a empresa pode estar sobrevalorizada, e vice-versa.


Vamos a um exemplo com valores aleatórios:


Earnings Per Share = €0.069

Share Price = €0.89

PE Ratio = 0.89 ÷ 0.069 = 12.91x


Ora, sendo este um indicador que pode revelar a subvalorização ou sobrevalorização, então queres que o rácio seja o mais baixo possível, já que isso mostrará uma potencial subvalorização. Se tiveres um resultado muito alto, pode significar que a cotação da ação está num valor muito acima do seu valor "real" quando olhamos aos ganhos. É importante perceber a comparação com o mercado onde a empresa se insere e a sua indústria, já que empresas diferentes têm resultados financeiros diferentes. O Simply Wall St também te faz esta comparação toda, não te preocupes).


  • Price to Book Ratio


Agora vamos falar do Price to Book, também chamado P/B. Se o anterior comparava a cotação das ações com os seus ganhos por ação, olhando para os seus resultados financeiros, este vai comparar a cotação da ação com o valor da empresa olhando para o seu balanço e dividindo pelo número de ações existentes. Lembras-te de termos falado por aqui no teu património líquido ser o teu ativo menos o teu passivo? É isto que estamos aqui a falar. Uma empresa (o seu book value) é, de forma resumida exatamente a mesma coisa, o seu ativo deduzido do seu passivo. Mais detalhes sobre o rácio aqui.


Vamos novamente olhar para a nossa Sonae no Simply Wall St e temos:


Book Value per Share = €1.04

Share Price = €0.89

PB Ratio = 0.89 ÷ 1.04 = 0.85x


Este indicado, tal como o P/E, mostra uma indicação potencial se uma empresa estará sobrevalorizada um subvalorizada, mas desta vez em relação ao seu balanço e não necessariamente aos seus resultados. São duas abordagens diferentes para a "mesma" questão.


  • Debt to Equity


Este indicador mostra a capacidade que a empresa tem de suportar e pagar a sua dívida apenas com o seu capital próprio (ativo - passivo) e isto mostra a solidez financeira da empresa. Podes encontrar mais informações aqui.


De uma forma simplificada, e aplicando à tua realidade, se tiveres 40.000€ de dívida e um património líquido (ativo - passivo) de 100.000€, então tens um Debt to Equity de 40%, entendes? Por esse motivo, deves procurar um rácio o mais baixo possível, já que isso revela um baixo endividamento da empresa face ao seu património.


Deves ter em consideração a realidade da empresa. Se for um negócio recente e que necessite de muito capital então é normal que este rácio seja muito superior. Para teres uma ideia, a Tesla tinha, a 31 de dezembro de 2019, um resultado de 145%. Um ano depois era de 43%. Como qualquer indicador, nunca podes olhar para o valor como algo estagnado e desligado da realidade. Tens de perceber toda a sua envolvente.


  • Cash to Debt


Este indicador mostra quanto dinheiro efetivamente tem uma empresa comparado com a sua dívida e tu queres que este valor seja alto, já que isto mostra que a empresa tem capacidade de pagar toda a sua dívida, utilizando apenas o dinheiro que tem "em caixa", sem ter de vender os seus ativos.


Mais uma vez, aplicando à tua realidade. Se tens os tais 40.000€ em dívida de há pouco, tens 200.000€ em ativos mas apenas 10.000€ são em dinheiro vivo então o teu Cash to Debt é de 25%. Caso sejas obrigado a pagar a dívida rapidamente, então terás de vender outros ativos para conseguir pagar tudo. Se tiveres mais de 40.000€ em dinheiro então, o teu rácio é superior a 100% e não precisas de o fazer.


  • Dividendos


Em relação aos dividendos, a análise já é diferente e menos baseada em rácios e fórmulas complicadas. Ainda assim, há 5 pontos que, para mim, são importantes:


  1. Dividend Yield - Calcula-se fazendo "dividendo por ação"/"cotação da ação" e queres, claro que seja o maior possível, já que isto é a rentabilidade do teu dividendo.

  2. Percentagem distribuída - O dividendo é a distribuição de lucro aos acionistas, e a empresa pode optar por distribuir mais ou menos valor. Aqui deves analisar quanto do lucro gerado está a ser distribuído e qual está a ser retido na empresa para futuros investimentos.

  3. Estabilidade - Aqui procura-se há quantos anos a empresa paga dividendos e o que queres é algo, lá está, estável e que saibas que, quase garantidamente, naquele dia certo vais receber dividendos. Para teres uma ideia, a Coca-Cola distribui dividendos há praticamente 60 anos.

  4. Crescimento - Se a empresa cresce, os dividendos pagos também crescem? Parece justo, certo? É isto que deves procurar: uma ligação simples e quase óbvia entre o crescimento da empresa e o crescimento do dividendo pago

  5. Ganhos da empresa - Os dividendos são a distribuição de lucro pelos acionistas, por isso o pagamento de dividendos deve ser ligado aos ganhos da empresa. Se a empresa tem uma redução de lucro e, mesmo assim, aumenta o dividendo, algo está errado. Pensa que o dividendo pago é dinheiro que sai da empresa, por isso se estiveres consecutivamente a distribuir mais do que aquilo que ganhas, mais cedo ou mais tarde, a bolha vai estourar.


 

E é isto que tenho para partilhar contigo sobre este tema.


Como disso no início, estes são (alguns) indicadores que para mim fazem sentido e que procuro, mas tu deves fazer a tua própria análise e estabelecer a estratégia que for adequada para ti :)


Boa sorte nessas análises e bons investimentos!


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