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Gestão financeira em casal

Quando estamos numa relação com alguém, principalmente num estado já mais avançado, é essencial que o tema “finanças” em casal seja discutido. No entanto, esta discussão pode acabar por ser tão embaraçosa que a conversa só piora as coisas! Bem, há boas e más notícias, simultaneamente: isto é mais comum do que pensamos! O dinheiro é uma das fontes de tensão mais comuns em qualquer relação, e não importa se é recém-casado ou se estão juntos há décadas. Pode ser muito difícil falar de finanças, mas é também uma das coisas mais importantes que se pode fazer como casal.


Já todos passámos por isso. A boa notícia é que admitirmos as nossas diferenças e encararmos o tema de frente, irá realmente ajudar a criar uma sensação de conforto e familiaridade entre ambos e isso ajudará qualquer relação a prosperar. Por isso, em vez de nos sentirmos mal em relação a isso, devemos, pura e simplesmente, tentar diferentes abordagens e técnicas sobre o tema.


Neste artigo, vamos falar de alguns dos tópicos mais importantes e que devem ser discutidos e perfeitamente claros dentro da relação.


Gestão financeira em casal

O casal deve ter uma conta conjunta?


A compatibilidade financeira é um fator chave em qualquer relação de sucesso. Trata-se de estarmos alinhados com os nossos parceiros sobre dinheiro, e isso significa que devemos ter opiniões semelhantes sobre como geri-lo, poupá-lo ou gastá-lo.


Se não tivermos a certeza se somos, ou não, financeiramente compatíveis, então podemos colocar, por exemplo, estas perguntas:


Que objetivos financeiros de curto ou médio prazo temos?

Estamos a poupar para uma casa? Será que queremos ir de férias juntos? Estamos a planear ter filhos e, em caso afirmativo, quantos (e quando)?


Estamos ambos a poupar para a reforma?

Se sim, estamos a poupar em níveis semelhantes? Se não, porque é que os nossos objetivos de poupança são tão diferentes?


Como é que preferimos gastar o nosso dinheiro?

Gostamos ambos de sair para comer ou preferimos cozinhar em casa? Talvez um goste de comprar roupa nova enquanto o outro prefere comprar um carro melhor.


 

As respostas a estas e outras perguntas poderão indicar-nos se estamos sincronizados ou se colidimos completamente nos nossos objetivos. De qualquer forma darão pistas sobre como cada pessoa gere bem as suas finanças como indivíduo, e respeitarmos a individualidade de cada um é sempre importante.


Se entendermos que estamos alinhados na forma de ver o tema, então a conta conjunta poderá fazer sentido já que passam a ser duas pessoas a contribuir para o mesmo objetivo. No entanto, e tal como referi no parágrafo anterior, devemos sempre respeitar a individualidade de cada um e deixar sempre alguma margem para que cada uma das pessoas tenha dinheiro que é “seu” e que pode movimentar sem ter de se justificar. É importante termos em mente que isto é um trabalho de parceria e não de dependência ou de controlo mútuo.


Como dividir as despesas partilhadas?


Quando falamos de despesas partilhadas, estamos a falar de coisas como renda ou prestação de casa, compras de supermercado, contas de água, eletricidade, internet, e outras deste género. Estas são aquelas regulares e de fácil divisão, mas se houver outras despesas como, por exemplo reparações, manutenção ou seguros, também devem ser divididas entre ambas as pessoas do casal.


Há muitas maneiras de decidir como dividir as suas despesas, e cada casal deverá encontrar aquela que melhor funcionar para si, mas diria que todas elas se enquadram em dois grandes grupos:


  • Divisão 50/50 – Neste cenário, todas as despesas são divididas de igual forma e cada pessoa paga metade do custo. Pode funcionar de forma rigorosa em que realmente cada um paga metade de tudo ou então de forma mais “descontraída” em que uma pessoa paga, por exemplo, a renda, e a outra paga o resto das despesas, já que o valor ao final do mês será, sensivelmente, igual. Aqui a palavra chave é “igualdade”, já que as duas pessoas contribuem com exatamente o mesmo valor para pagar estas despesas.

  • Dividida por rendimentos – Neste modelo, o pagamento de despesas é alinhado com o nível de rendimento de cada um. Se um dos membros do casal tem rendimentos significativamente mais alto que o outro, então paga também uma percentagem maior de despesas. Aqui, ao contrário de “igualdade”, pode falar-se em “equidade”, já que isto permite que nenhuma das pessoas fique “estrangulada” com custos, caso o seu rendimento seja consideravelmente mais baixo.


O casamento


Muitas pessoas têm o sonho de casar e fazer uma enorme festa cheia de amigos e familiares e passarem um dia absolutamente fantástico, cheio de festa e boa energia. Juntamente com isso poderá vir também uma lua de mel num sítio paradisíaco. Tudo isso significa que o casamento pode trazer um grande compromisso financeiro e devemos compreender isso antes de saltarmos para essa decisão e nos comprometermos com isso. Se ambos os parceiros são financeiramente instáveis ou têm dificuldade em gerir o seu dinheiro, o casamento, pelo menos nestes moldes de grandes festas, pode ser um grande desafio para ser ultrapassado, já que poderá incluir vários anos de poupanças e de decisões financeiras diferentes das habituais para se conseguir acumular o valor necessário.


A solução para este desafio é simples: fazer contas, estimar os custos associados e estabelecer um plano de poupança. Nesse momento, cada uma das pessoas assume o compromisso de, mensalmente, colocar de parte o valor que necessita para que na altura do casamento, tenham todo o dinheiro necessário. Uma dica extra: temos de fugir da falsa garantia dos presentes de casamento e de contarmos com ele para pagar as nossas contas. O que nos podem dar de presente é altamente variável por isso não podemos contar com essa segurança. O que vier nesse dia, seja lá quanto for, é considerado “bónus” e servirá para restabelecer as contas do casal.


Na altura do casamento, mesmo que não haja nenhuma festa associada, há também uma conversa importante a ter: o regime de bens. O casal pode escolher aquilo que quiser e ir ao mais ínfimo pormenor mas, por regra, existem três regimes essenciais:


  • Separação de bens – Cada membro do casal continua a manter posse individual sobre os seus próprios bens, mesmo que sejam adquiridos depois do casamento

  • Comunhão de adquiridos – Este é o mais habitual e significa que o que cada membro do casal tiver até ao momento do casamento permanece na sua esfera individual e o que for adquirido depois do casamento pertence aos dois, em 50/50. Atenção que eventuais heranças pertencem à esfera individual do herdeiro e não são consideradas bem comum. Isto está previsto no Código Civil, artigo 1722º, nº 1, alínea b)

  • Comunhão geral – Neste caso, todos os bens são considerados do casal, mesmo aqueles que pertenciam a cada um individualmente antes do casamento.


Quando se assume o casamento, também se assumem algumas responsabilidades e é importante que o casal esteja também alinhado em temas difíceis como a morte ou o divórcio.


A transparência e a honestidade sobre as nossas finanças é especialmente importante no primeiro cenário: aquele em que uma das pessoas morre subitamente. Se não tivermos partilhado a nossa situação financeira com o parceiro ou parceira, pode ser muito difícil determinar que bens existem e o que se pode fazer com eles, e por isso é importante assegurar que ambos saibam onde todo o dinheiro é investido ou armazenado. Dessa forma, garante-se que nada se perde caso algum imprevisto aconteça, e acreditem, os imprevistos acontecem.


Conclusão


Falar de dinheiro continua a ser um tema tabu, e dentro do casal não é exceção. Compete a cada um de nós mudar isso. Não podemos ter medo de falar de dinheiro. Podemos ter algumas conversas embaraçosas ou difíceis, mas que irão tornar a nossa relação mais forte e mais satisfatória. Como em tantas outras coisas, a única forma de falharmos em algo é nem sequer tentar e a gestão do dinheiro não é exceção.


Para terminar, partilho algumas dicas rápidas para uma melhor gestão do dinheiro em casal:


  • Falar sobre dinheiro frequentemente – Marcar uns minutos por semana para falar sobre o tema faz milagres.

  • Não ter medo de fazer perguntas – Há algo que não entendemos nos gastos? Alguma atitude do nosso parceiro ou parceira que nos deixou desconfortável? Perguntem!

  • Não se sentirmos culpados por pedir ajuda – Uma relação é, acima de tudo, uma parceria. Se o nosso orçamento está mais apertado num mês em especial, falamos abertamente e pedimos ajuda ao outro.

  • Não sentir que temos de fazer tudo sozinhos – Remete ao início do artigo, mas garantir que estamos alinhados nos objetivos financeiros e estamos juntos nesse caminho é essencial.

  • Tenham tempo para conhecer os hábitos financeiros – As mudanças de hábitos e rotinas podem ser difíceis e demoradas. Demorem o vosso tempo para se adaptar e conhecer.


 

As sessões de mentoria que disponibilizo têm atraído cada vez mais casais que me procuram para que os possa ajudar a gerir estas dinâmicas da melhor forma.

Se sentes que podes beneficiar do mesmo, então carrega aqui para saber mais.

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